sexta-feira, 30 de maio de 2008

Fases

10 dias sem postar nada, mas não é nenhum recorde, já me ausentei por mais tempo.
Eu vivo em pequenos ciclos da arte, certos dias eu me dedico mais ao desenho, outros à música, e, quando escrevo aqui à literatura. Vale a ressalva de que eu me ausento de um dos três quando a bateria da criatividade de esgota, passando à outra arte para já esteja com mais idéias/inspirações.
Dessa vez não é o caso, tenho um novo conto quase inteiro na minha cabeça só faltando ser digitado e postado aqui, mas infelizmente o dia só tem 24 horas e eu gosto de dormir por 8.
No momento eu ando muito voltado para os meus desenhos, que andam cada vez mais detalhados e demorados para fazer, bom aproveitar essa verve para os desenhos, pois preciso de muitos desenhos novos para o meu portifólio, aproveito aqui para agradecer todas as pessoas que me deixaram retratá-las nessa série de ilustrações que ando fazendo ultimamente. É um dos meus sonhos, fazer meus desenhos só para fazerem as pessoas mais felizes. Deus não me deu esse dom só para ganhar dinheiro, faço isso por necessidade, e para compensar eu faço, sempre que possível, desenhos para dar de presente e chegar mais perto do meu almejado sonho.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Mila


Mila
Originally uploaded by Fernando Shoiti

Esse desenho eu fiz para a minha amiga e irmã em Cristo, com base em duas fotos, uma dela e outra que ela fez desse pôr-do-sol. Acho que foi um dos meus melhores desenhos até hoje, e por conseqüência, um dos mais demorados também. Adoro essas cores do pôr-do-sol, o dourado em choque com o azul cinzento e frio do fim da tarde contrastado com o recorte do cenário contra-luz dá uma dramaticidade bacana.

Visitando o passado - Parte 3 (Final)

Posso sentir o tempo parar, e o vento que assoviava se calar. Ouço o som de metal arranhando, como se precisasse de lubrificação, ouço o som de pedras na terra ao se encontrarem com rodas. Eu tenho medo de olhar, mas não resisto. Aquele homem debilitado, com a barba por fazer, preso à sua cadeira de rodas, é Pedro. É meu irmão.

Não consigo me mover, é como se eu tivesse encarado a Medusa das histórias mitológicas, sinto meus músculos se retesando, sinto medo, puro, simples, gelando a espinha, me fazendo suar a frio. Meu lado racional tenta me resgatar em vão como se eu estivesse caído em areia movediça e cada tentativa de sair só faz com que eu me afunde cada vez mais. Sinto dificuldade em respirar.
- Vai ficar parado aí por quanto tempo? - Disse Pedro num tom sarcástico. - Até parece que você viu um fantasma, he he...
Talvez seja esse sorriso bobo, trazendo lembranças da minha infância, quando meu irmão me provocava antes de correr para perto da nossa mãe para se proteger, talvez seja isso que me deu forçar para me levantar, não me preocupo com a sujeira em minhas roupas, nem mesmo consigo me lembrar da última vez que eu não me importei com isso. Tudo o que me interessa agora é saber como, porquê, quando e onde.
- E-eu t-te vi morrer... - é tudo o que consigo dizer num tom de voz agudo, o som da minha própria voz arranhando as minhas cordas vocais com aspereza.
- Eu pareço um fantasma? Nunca soube de fantasmas precisarem de cadeiras de rodas, se existir uma coisa dessas então a morte é realmente uma merda. - Ele fala com uma calma que, ironicamente, seja a ser inquietante para mim. Coçando a barba rala, com indícios de fios brancos. a vida dura fez que com ele se pareça mais velho do que eu.
- Não. Não parece. Mas também não entendo o que está acontecendo.

- 'Seguinte... aquela doença não era fatal, você, eu, éramos muito novos para lembrar dessa história, mas fomos separados nessa época. Você foi com o pai para a cidade, tentar uma vida melhor, mas eu não podia, eu era um fardo muito pesado a ser carregado, por isso eu fiquei aqui, aos cuidados de nossa mãe. - A paz na voz de Pedro parece estar por um fio, parece estacionado naquele momento infinito antes do soluço que antecede o derramar de uma lágrima.
- Mas a mãe está na cidade, ela foi para lá um tempo depois morar com a gente. Não faz sentido isso que você está me dizendo. - Já se imaginou um daqueles episódios de Além da Imaginação? Como se Rod Serling em pessoa estivesse te apresentando para um monte de gente desconhecida olhando para a tela da tv de boca aberta e babando em cima da tigela de pipoca? Bem, é mais ou menos como eu me sinto agora. Eu sei que o homem que vejo em minha frente é meu irmão, que eu pensava que há muito tempo havia falecido de uma severa enfermidade, mas as coisas que ele me diz não fazem sentido, nada disso faz sentido. Me pergunto agora onde meu pai está, ele me trouxe aqui e sumiu.
- Tá pensando que eu fiquei leso das idéias, né? Acho razoável você pensar assim. E o pai? Ele não quis ficar aqui, ele não aguenta ouvir tudo o que tenho que falar, por isso foi embora com o carro enquanto você chorava e você nem percebeu, seu bestalhão. - Bestalhão, faz tempo que não ouvia essa palavra, essa é o tipo de palavra que parece ter marca registrada e não pode ser usada por outra pessoa. Perdido pensando nisso, resolvo checar se realmente meu pai teria coragem de me largar aqui neste lugar, e, realmente, o carro não está mais lá. Dou uma breve corrida deselegante rumo à estrada buscando ver a poeira se levantando no horizonte, mas nem sinal do meu pai. Volto a minha atenção a Pedro novamente.

- Eu te disse que ele se foi, não como você vê-lo daqui, não no lugar que ele está. - Ele ri, quase orgulhoso do que diz, parece-se muito comigo ao apresentar o projeto orçamentário à junta de diretores sem que ninguém tenha como contestar nada do que eu digo.
- Para onde ele foi? Como ele pôde me largar aqui? Como é que eu volto? - Penso em pergutas infinitas e inúteis mas nada disso parece fazer com que a expressão dele mude. - Tá, depois eu me preocupo com isso. - Ele acena em aprovação, como se estivesse perguntando se podia continuar a contar a história ou se eu ainda ia ficar resmungando por mais alguma coisa.
- Então... (risos abafados por uma tosse fraca) continuando... A nossa mãe nunca saiu daqui, ela foi enterrada à menos de um quilômetro daqui há alguns anos, sofria muito de artrite, sabe? - Eu tento contestar, mas o ar dos meus pulmões é roubado e solto um grunhido quase imperceptível. - Acontece, meu irmão, que o nosso pai, se deslumbrou com a cidade grande, e um homem forte como ele, não demorou muito para encontrar uma princesa da cidade. É essa princesa da cidade que você chama de mãe agora.
- O quê? Mas como você ousa? Não tem o direito de falar assim da nossa mãe! - Cerro meus punhos que tenho a sensação de cortar com as unhas as palmas das minhas mãos.

- Calma lá. Você não está entendendo a gravidade da situação. Eu vou explicar como se você fosse uma criança de 6 anos. Você não só esqueceu de mim com o tempo, mas também esqueceu de nossa mãe. Você e o pai. Nos abandonaram aqui. O pai sempre mandou um pouco de dinheiro através de cartas para os meus remédios e para a nossa comida e roupas, mas numa dessas cartas ele contou sobre a princesa da cidade, foi em menos de um ano da partida de vocês. Eu era muito novo, ainda doente demais, delirava às vezes em sonhos entorpecidos, mas lembro-me bem desse dia, lembro de ouvir o coração da mãe se rasgar como se rasgou o véu do templo quando Jesus morreu na cruz, meu rapaz, não uma coisa agradável de se ver, até hoje eu tenho pesadelos desse dia. - Me sinto como se tudo desmoronasse à minha volta, como se eu fosse um louco tocando lira no meio de Roma envolta em chamas. Eu não tenho como dizer que ele está mentindo, é como se essa verdade fosse como a tubulação de esgoto da minha casa, eu nunca a vejo, mas sei que ela esta lá, no subsolo, carregado toda a sujeira para longe.
Meu Deus. Como pudemos fazer isso? Como eu pude esquecer do meu irmão e da minha mãe? Como meu pai pôde fazer o que fez e nunca me contar?
- Ele te contou, de certa forma. Por isso ele o trouxe aqui, antes de partir para a eternidade.
- Eternidade? Partir?

- Sim, olha parece confuso mas é bem simples meu irmão. O pai queria te contar em vida, oh sim, mas nunca teve coragem aquele velho de coração fraco. Você mesmo pode se lembrar das várias vezes que ele tocou nos seus ombros para lhe falar algo mas desistiu, das muitas vezes que ele parou perto da porta do seu quarto sem falar nada e em seguida saiu sem dizer uma palavra. Ele tentou. Talvez um dos maiores males da humanidade seja tentar, é fácil dizer que tentou. Parece dar uma sensação de alívio, como se limpasse a consciência, mas nunca se engane com isso, a culpa cresce como o pior câncer e te corrói por dentro, rouba a sua humanidade a sua paz. Mas um dia... um dia... chega a hora de pagar pelo que se deve.
- Mas o pai morreu depois de me deixar aqui? O que é o aqui? Para onde ele foi?
- Muitas perguntas, (risos) olha, quando dizem que o brasileiro deixa tudo para a última hora... o pai levou realmente ao pé da letra. Ele estava ao seu lado pelos últimos meses, no mesmo hospital. Vocês estavam juntos no carro quando passaram pelo sinal vermelho e não viram que estava vindo caminhão em alta velocidade, o pai estava dirigindo e levou a maior parte do impacto, você sempre foi um sortudo filho da mãe mesmo.

- Acidente? Hospital? - Tudo parece rodar à minha volta, me sinto pequeno, desprotegido, odeio ficar numa situação à qual desconheço tudo, e quem não odeia?
- Você está num leito de UTI neste exato momento, está em coma há uns 7 meses. O pai, infelizmente, chegou a hora dele, aguentou o que pôde, e, no fim, inexplicavelmente conseguiu entrar em contato com você e te trouxe aqui. Para que você soubesse a verdade. Mas chega de falar, sua carona está vindo. Está na hora de você partir.
- Eu... eu vou morrer também? Não quero morrer. Posso ficar aqui?
- Não tente barganhar comigo, eu nem mesmo existo, você me criou, você está falando através de mim. Agora vai que tem gente te esperando...

É como se imagem de Pedro se afastasse, é como se a casa se afastasse também, tudo começa a ficar claro, uma luz vermelha escura, como um farol de milha se encontrando com as pálpebras quando os olhos estão fechados. Sinto meu peso, estou deitado?
Tenho a sensação de estar usando o meu corpo pela primeira vez, como se não soubesse como me mover, desconfortável como se estivesse usando um sapato novo presenteado pela tia que nunca sabe que número eu calço. Ouço um som característico de hospital, que indica que meu coração está funcionando. E, então ouço vozes, meio abafadas e ao mesmo tempo ensurdecedoras. Minha visão começa a se adaptar à luz ambiente com dificuldade em meus olhos inundados em lágrimas devido ao incômodo. Vejo minhas filhas e minha esposa.

Hoje eu estou quase recuperado, de um acidente aparentemente fatal, na medida do possível, ainda manco muito e preciso de uma bengala para me locomover. Ganhei uma nova de minha esposa no último natal. Depois de um pouco de ajuda de um investigador eu constatei que toda história conturbada da minha família é real. Soube que Pedro também faleceu há alguns anos, sem ninguém para cuidar dele não demorou muito. Mas foi bom encontrá-lo uma última vez, mesmo que tenha sido criação de meu sonho quando estava em coma. Eu mudei muito depois disso, passei a valorizar mais o tempo com a família, comecei a freqüentar a igreja do meu bairro aos domingos, fiz as pazes com Deus, dedico um pouco do meu tempo à obras de caridade que sempre podem contar com as minhas boas e gordas doações. Sei que nada disso vai apagar a culpa de ter esquecido as minhas raízes e a minha família, mas talvez ainda dê tempo de me redimir. Só uma coisa me incomoda. Às vezes posso jurar que ouço
o som de metal arranhando, como se precisasse de lubrificação, ouço o som de pedras na terra ao se encontrarem com rodas.

Fim

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Visitando o passado - Parte 2

...Um dia a caixa não aguentou e chegou ao fim de sua existência como caixa, já havia remendos demais, não havia mais onde assentar os pregos para mantê-la, foi para o cemitério das caixas, mesmo depois de partir ainda encontrou um serviço digno, de evitar que os animais silvestres adentrassem o meu quintal.

Enfim, piso com os meus sapatos italianos na terra que, nos anos idos foram meu domínio, meu território, meu reino. A terra vermelha perdeu muito do seu encanto com todo o mato que cresceu durante o tempo de abandono da casa. Mas é só mato. Incrível como eu pensava que sempre encontraria lixo humano onde quer que eu fosse, uma garrafa pet, um papel de bala, ou um resto de uma panfletagem mal-sucedida, mas não, é só mato e terra. Um cobertor verde sobre as memórias da minha infância há muito esquecida como aquele pano empoeirado sobre o velho carro encontrado na garagem do tio-avô que, se retirado revela a descoberta de um clássico modelo de Cadillac muito bem conservado.

Perdido em meus pensamentos eu quase caio ao tropeçar em um pequeno buraco. A memória me atropela como um vagalhão de emoções, lembro-me deste buraco que escavei com as minhas pequenas mãos, era onde eu ia brincar com as minhas bolas de gude, ia brincar com... Meu Deus... eu fiz esse buraco para brincar com meu irmão! Eu tinha um irmão! Como pude esquecer de uma coisa dessas? Faz tanto tempo. Ninguém nunca mais ouviu falar dele. Ele era um ano mais novo que eu quando faleceu de alguma doença que não consigo me lembrar, ele tossia muito, sentia dores, depois começou a tossir sangue, lágrimas, minha mãe chorando, meu pai tentando ser forte, tentando ser o alicerce da família...

Meus joelhos cedem, como se não houvesse mais força nas minhas pernas, eu caio mas ignoro a dor, duas pequenas poças começam a se formar na terra logo abaixo do meu rosto, como eu pude ter esquecido que eu tive um irmão? Porque deixaram a memória dele morrer? Quando uma pessoa morre, ela morre em físico, mas temos o direito de assassinar essa pessoa em memória se a sua presença nos machuca? Ela não tem esse direito ao menos? De continuar existindo em nossas lembranças, podendo habitar nossos sonhos? Quantas vezes eu me senti como se não tivesse com quem conversar? Quantas vezes queria dividir um momento e me sentia vazio?
- Ahhhhh... como nós pudemos esquecer de você?!! - Eu caio em prantos e sinto o gosto da terra a salpicar em meus lábios quando me encolho junto ao chão.

- Quer parar com o show, homem da cidade grande?
.
.
.
.
.
.
.
.
.
Posso sentir o tempo parar, e o vento que assoviava se calar. Ouço o som de metal arranhando, como se precisasse de lubrificação, ouço o som de pedras na terra ao se encontrarem com rodas. Eu tenho medo de olhar, mas não resisto. Aquele homem debilitado, com a barba por fazer, preso à sua cadeira de rodas, é Pedro. É meu irmão.

Continua...

terça-feira, 6 de maio de 2008

Visitando o passado

Estive com os olhos vendados por todo o trajeto. Meu pai insistiu em me fazer uma surpresa no meu aniversário. Não tenho toda a experiência dele, mas sou vivido o suficiente para me surpreender com alguma coisa. Enfim estacionamos o carro, ele me ajuda com a trava do cinto de segurança e sem seguida abre a porta, o calor entrando naquele ambiente perfeito proporcionado pelo ar-condicionado como uma legião de bárbaros ensandecidos invadindo uma grande metrópole pacífica, ouço seus passos, som de terra e pedras pequenas se chocando com seus sapatos, o som aos poucos ficando mais baixo, quase inaudível e então posso ouvir a minha porta se destravando, meu pai segura a minha mão com uma firmeza que eu julgava que não lhe habitava mais no corpo frágil e cansado. Ele retira então o pano que cobria os meus olhos.

- Devagar - dise ele com uma calma que poria fim à uma guerra. - Você pode começar a abrir os seus olhos agora com muito cuidado, pois aqui está muito iluminado e quero muito que a sua visão esteja em boas condições, pois você vai precisar, e querer muito enxergar direito neste lugar. - Ele me dá aquele leve tapinha de "bom garoto" no ombro, o sol está realmente muito forte, já é quase meio-dia, mas mesmo que não fosse geralmente aqui é sempre assim, as cores são mais vivas, mesmo à noite as estrelas brilham como bilhões de holofotes de estádio, como eu sei disso eu não consigo explicar. - Venha - continuou meu pai a dizer com sua quietude habitual - ...eu quero te mostrar porque te trouxe aqui. Vê esta casinha? Foi onde você nasceu e onde viveu seus primeiros anos. As paredes parecem feias e velhas, mas por isso mesmo que você sempre pôde desenhar nelas, nunca nos preocupamos com isso, as paredes continuariam a nos proteger do frio da noite e do calor do dia, manteria o pó do lado de fora nas ventanias, o que importou sempre foi a sua felicidade e em como sempre a expressou com uma beleza única. - Seus olhos estavam inundados em lágrimas, os meus em breve também estariam se continuasse a olhar para eles.

Eu me lembro vagamente desta casa, já morei em muitas, mas esta me traz à mente algo especial, como momentos congelados no tempo, quando o relógio era apenas uma lenda, quando o suor e a pele suja não eram motivo de vergonha, quando o simples ato de cavar um buraco e fazer um monte de terra era a coisa mais divertida do universo e nada superaria aquele momento, meu Deus, porquê eu não me lembrava desses momentos?
Este lugar é maravilhoso, sinto o cheiro das árvores e da terra, sinto o sol irradiar um calor que parece renovar as minhas forças e quando passo pela sombra das árvores sinto um sopro gelado interminente que faz evaporar algumas gotas de suor. Enfim chego aos muros da casa, feitos de várias tábuas de diferentes árvores, partes de diferentes caixas, diferentes histórias. Reconheço uma das tábuas como parte de uma caixa de tomates, por um tempo foi um dos meus brinquedos, já foi o mais veloz carro de corrida, meu escudo nas batalhas que travei para salvar a minha princesa que estava presa em uma torre, foi o molde para os tijolos de barro com os quais eu pretendia construir uma grande muralha, que ruiu na chuva de verão daquela tarde. Um dia a caixa não aguentou e chegou ao fim de sua existência como caixa, já havia remendos demais, não havia mais onde assentar os pregos para mantê-la, foi para o cemitério das caixas, mesmo depois de partir ainda encontrou um serviço digno, de evitar que os animais silvestres adentrassem o meu quintal.

Continua...

sábado, 3 de maio de 2008

"Melhor este ou este?"

Fui fazer uma consulta com uma oftalmologista um dia desses. Na hora de ler as letrinhas (no tamanho que geralmente a gente não tenta ler mesmo) eu notei que tinha uma placa ao lado para as pessoas que não sabem ler, em vez de letras haviam desenhos, casinha, cachorrinho, carrinho etc. E fiquei imaginando como seria hilário o exame com os desenhos. Normalmente a gente pode confundir uma letra "F" com a letra "E", por exemplo, se estiver enxergando mal. Mas imagine o sujeito falando:
- Casa, cachorro, pássaro e.... eu acho que é um carro... não. É uma televisão, sim é uma televisão! Doutora eu vou precisar usar óculos?

Ainda tem o caso da pessoa que precisa usar óculos mas não quer, para isso basta ter uma memória boa e decorar todo o quadro na hora que chegar no consultório, no filme Cowboys do Espaço o personagem do Donald Sutherland (o pai do Jack Bauer) consegue se livrar do exame dessa forma.

Silvia e Ana Cecília


Silvia e Ana Cecília
Originally uploaded by Fernando Shoiti

Este desenho foi feito especialmente para o meu grande amigo Ruy, que é como se fosse o irmão que eu nunca tive (não estou desmerecendo a minha irmã, hehe), neste desenho estão a esposa e a filha do Ruy, eu mandei fazer um quadro para dar de presente para ele. Adorei fazer essa arte, só mais uma prova de que os meus melhores trabalhos são os que eu não faço por dinheiro e sim, por amor.

Se quiser ver o desenho maior é clicar nele! hehehe

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Minhas respostas para coisas que ninguém perguntou

Porque o pôr-do-sol tem mais cores
Porque certas músicas lembram aluguém
Porque a infância é nossa imagem de céu
Porque no final não sobra ninguém
Porque as rosas mais bonitas não são as rosas
Porque uma palavra te faz viajar
Porque as lágrimas são sempre salgadas
Porque o mar me faz vomitar
Porque o perdão que importa é sempre difícil
Porque a razão se perde ao gritar
Porque as vozes se calam em sacrifício
Porque não ouvimos a experiência falar
Porque as risadas mais longas causam dor
Porque rimos do que um dia no fez chorar
Porque vencemos e tiramos sarro dos derrotados
Porque nos arrependemos e insistimos em errar

Fita K-7

Transcrição parcial da fita, contém trechos danificados e inteligíveis.

Esse treco está ligado?
Bom estou aqui, dentro da minha cabeça, usando este gravador imaginário, parece escuro aqui dentro, frio, não todo o tempo, há momentos em que eu sei que nem mesmo existem sombras, tudo é luz e calor com brisas geladas nas horas certas.
Eu tenho que dizer prá você que nem sempre foi assim, agora tudo é confuso, é como se tudo fosse tão surreal quanto um sonho dentro de um sonho em que sabemos que estamos sonhando e mesmo assim acreditamos em tudo. Tem uma parte de mim que eu julgava ter morrido e você tornou real. Nada disso fazia parte dos meus planos, a sua ausência é sentida mesmo e tudo o que eu posso fazer é distância, mesmo não .
Se você ainda encontra as migalhas de pão, saiba que eu não estou mais deixando rastros, eu não quero ser encontrado, não assim. Eu estou em um lugar que você não pode alcançar e só lhe traria sofrimento, mas eu posso te ver, só quando quero. Mas por diversas vezes olhei em sua direção e não te vi, era como o sol tentar enxergar sua própria sombra. Você me entende que eu não tenho a liberalidade para simplesmente e quando tenho vontade mas sei que não foi para isso que ?
Talvez eu tenha chegado no momento errado de minha vida, outra época, outro lugar, sempre penso que poderia ter existido nós.
Você pode interpretar tudo isso de forma errônea, não digo que você não , e sim que as possibilidades nunca morrem enquanto existe uma centelha de esperança. Batalhas que só buscam a morte podem levar décadas, por que não a perseverança em ?
.
.
.
.
.
Uma parte de mim não quer dizer nada e ao mesmo tempo quer gritar tudo para que os quatro cantos do mundo ouça, mas não o faço, sei que não devo, que quero mas não posso. É tudo uma questão de dizer que eu se fosse tudo diferente.
Vivemos momentos perfeitos e viveríamos outros num futuro dentro de outras mesmo isto eu não descarto tenha em mente que eu nunca vou eu também .
Agora eu preciso desligar.
.
.
.
Fim da transcrição