sábado, 24 de julho de 2010

Caminhada

Talvez ele tivesse deixado para trás as escolhas certas em algum ponto da caminhada, tomado um atalho, ou o caminho mais longo que não era o correto. Talvez fosse o calor do sol há muito tempo castigando seus pensamentos que só sentiam alívio nos raros momentos em que a brisa soprava de leve a evaporar o suor de sua face.

Já haviam se passado anos desde a última vez que parou para pensar no destino desta caminhada e sentia dificuldades para se recordar do motivo de ter dado o primeiro passo, dúvida essa que se extendia à razão de sua existência, o significado de estar ali teria algo com o significado de seu nome? E o mais importante de tudo: não lembrava porque tinha que continuar andando.

Sentiu um ímpeto de simplesmente parar de andar, mesmo não encontrando sombra ou água. O que havia ali devia bastar. Seria feliz com terra seca, poeira, pedras e o sol que se negava a dar lugar à noite. Mas simplesmente resolveu que não devia parar, algo o dizia para continuar a se mover, mesmo não sabendo se estava na direção certa, algum destino então deveria bastar, fosse o certo ou não, essa estrada deveria ter um lugar para terminar. Poderia não ser o melhor lugar do mundo, mas seria o suficiente.

E então ele caminhou por mais alguns anos, sempre com o sol como companheiro inseparável, nunca mais desviou o caminho por mais tentador que fosse, continou na mesma estrada de terra e pedras até um dia encontrar uma colina muito alta na qual não conseguia vislumbrar o que viria a seguir. Reuniu forças de onde não tinha e prosseguiu ladeira acima, escorregou algumas vezes, mas nunca caiu. Finalmente atingiu o ponto mais alto e viu o que havia do outro lado.

Brilhava com tanta intensidade quanto o sol, o luz refletia uma luz dourada com tamanha beleza que o fez cair em prantos, finalmente ele viu o mar pela primeira vez. Correu em disparada e tocou seus pés na água, se ajoelhou, olhou para o céu e agradeceu por ter chegado ali. Estava pronto para recomeçar a vida.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Revisão dos sonhos

"Insanidade é repetir os mesmos erros à espera de resultados diferentes"
Uma vez ouvi esta frase e ela me marcou muito justamente pela simplicidade de ser algo extremamente óbvio e que nem sempre paramos para pensar (cá entre nós, geralmente a gente não pensa no que é óbvio). Talvez seja da natureza humana tentar complicar as coisas, sim, concordo, mas existe um outro lado que paradoxalmente coexiste: a vontade de manter tudo como está, sem mudar nada, se ater ao plano básico e simples.

Quem nunca sonhou com algo, e nem digo algo grandioso, pode ser algo simples mesmo, uma profissão, um relacionamento ou até mesmo um bem de consumo e no meio do caminho percebe que nem tudo são flores, que não é bem por aí e mesmo assim dá uma de teimoso e continua a correr atrás mesmo sabendo que não é a melhor coisa a se fazer?

Tá, então aonde isso vai levar?

Ninguém nasce como um planejador perfeito, então sempre precisamos revisar aqueles planos de muitos anos atrás baseando na experiência que acumulamos até hoje. Sim, existem sonhos de infância (e muitos outros de adolescência) que não devemos deixar morrer, sobretudo os que parecem ser impossíveis ou bobos demais porém divertidos, pois estes não nos limitam, só expandem o nosso horizonte e nos fazem crescer. Aí eu vejo que existem sonhos antigos mal planejados que nos limitam, podam as nossas raízes e faz com que não vivamos tudo o que temos o potencial de viver. Vamos largar as velhas convenções que foram impostas por nós mesmos, se "insanidade é repetir os mesmos erros à espera de resultados diferentes", o mesmo se aplica a vermos que insanidade é nos limitarmos à planos que se baseiam em visões limitadas.