terça-feira, 24 de junho de 2008

Ao mar e ao vento

Lembro-me de uma escultura em areia, deixada à beira do mar, intocada, dourada quando banhada pelos raios do sol no final de uma tarde sem nuvens. Me pergunto quando a maré subiria. Suas ondas a chocar-se contra suas formas, fazendo com que, a cada golpe, ela se desfizesse cada vez mais em minha memória. Talvez o mar se cansasse pela manhã e recuasse para onde nunca deveria ter saído deixando com que a escultura ainda seja reconhecida à um olhar mais atento, mas o vento, este sim impiedoso, espalharia um a um o seus grãos até o final da tarde, não restando nem mesmo a lembrança de que um dia esteve lá. Na verdade penso que esta escultura estará sempre por lá, cada um dos grãos que a formavam ainda serão parte da praia. Creio que um dia o vento poderá soprar de volta cada um dos grãos e formar a imagem novamente. Precisaria de um milagre, mas não é impossível.

Nenhum comentário: