quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Weirdo Toughts
Procurando o significado de Ebicen eu descobri que ebi significa camarão em japonês, portanto é um nome de um salgadinho de camarão, como ele é originalmente, mas fazer um Ebicen sabor cebola é o equivalente à um doce Bananinha sabor morango.
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
Runnaway
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
Climb the Mountain
Never say goodbye
domingo, 7 de setembro de 2008
Life goes on
terça-feira, 26 de agosto de 2008
Um passo adiante
Finalmente estou no emprego que pedi à Deus, o que eu tinha como provisório realmente foi provisório. Muitas coisas ficarão para trás, pois numa visão realista algumas amizades não resistem à distância, talvez seja prova de que não eram amizades, e sim coleguismos. Os amigos mesmo não deixarão de serem amigos mesmo que eu suma por um tempo, o que não pretendo como sempre mas não tenho como saber.
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Sonho
Pensei então numa situação utópica, em que eu usaria meus dons de arte somente para fazer as pessoas felizes.
Bom, creio que este dia está chegando.
sábado, 26 de julho de 2008
Bolha
segunda-feira, 21 de julho de 2008
The show must go on
Talvez seja preciso apenas parar de querer entender o que não pode ser entendido, talvez seja mais simples somente aceitar ou não aceitar, sem questionar o que não pode ser mudado.
sábado, 19 de julho de 2008
Arte imitando a vida
Perguntei à Deus como poderia descrever o amor de uma forma que eu pudesse entender e Ele me disse que o amor é como um desenho em uma folha de papel, que seria o coração.
Ao desenhar eu posso deixar o traço muito marcado na folha, arranhá-la com o grafite do lápis em um traço, seja por descuido ou pela certeza de que é um traço definitivo, sendo que, quando preciso apagar o desenho, depois de ver que ele não está certo, ainda restam marcas, resto de grafite em sulcos, borrões e o único jeito de apagar é passar a borracha até que a folha se rasgue. Assim é o amor que deixa marca, se precisamos apagar mesmo alguém, isso nos causa dor e sofrimento e uma cicatriz como lembrança, mas o coração, diferente da folha de desenho pode se refazer e encontrar a paz, um dia consegue voltar a ser a velha folha em branco.
Algumas vezes podemos traçar um desenho com leveza nessa folha, de modo superficial, o desenho em si está todo lá, mas nunca será uma obra de arte, não tem expressão de um impacto visual marcante, nenhum traço levou consigo a certeza de estar no lugar certo, e todo esse desenho pode ser apagado sem deixar marcas, deixando a folha intacta.
Eu não entendo muito dos mistérios do coração e do amor, mas entendo de desenho, por isso eu recebi a mensagem dessa comparação, então entendo que um desenho bem feito, uma verdadeira obra-prima não pode ser apressada, precisa surgir de um momento de inspiração no qual não temos controle de quando ou como virá, apenas surge, e quando esta inspiração surgir a primeira coisa a fazer é o esboço com leveza para que eu saiba como poderá ser desenho, todas as suas nuances captadas no momento para que aí então eu começo para que ele seja permanente na folha em branco que é o coração.quinta-feira, 17 de julho de 2008
Intermission
Estou ansioso, não consigo dormir direito, dou umas desmaiadas básicas no ônibus à caminho do trabalho ou voltando para casa, mas sono mesmo, daqueles de sonhar esparramado na cama tá difícil de acontecer. Chega a ser irônico isso, pois se eu tiver uma resposta positiva vou passar a não ter tempo para dormir direito. Estou sem dormir porque estou ansioso por algo que não me dará tempo para dormir, muito confuso isso, não tinha parado para pensar nisso.
Não sei o que acontecerá, nem sei se vai dar tudo certo, espero que dê. Será dureza, uma situação nova, mas coisas novas podem ser legais, pode ser a chance de uma nova vida. Eu tenho que terminar uns desenhos mas eu não tô em paz para desenhar, talvez não seja o momento, é como eu já disse uma vez em algum post perdido por aqui, eu vivo em ciclos, talvez agora seja o momento de escrever.
Às vezes eu tenho medo de escrever. Tem coisas que eu escrevo que nem parecem vindas de mim, coisas que no dia seguinte eu nem lembro que escrevi. Muitas vezes eu acabo escrevendo coisas que não devia escrever, pensamentos que deviam morrer dentro da minha cabeça sem que o mundo conheça... não que o mundo todo leia o que eu escrevo aqui, acho que só umas 3 ou 4 pessoas às vezes lêem alguma coisa talvez... nunca vou saber. Queria poder colocar um contador de visitas aqui, mas sei que isso só criaria outro problema, ia querer saber quem está lendo. Por isso que eu acho legal aquele esqueminha do Orkut, de saber quem andou xeretando, muito legal saber quem entra todo dia prá saber o quê, porquê, quando e onde. Antes eu apagava meus recados para ninguém saber da minha vida, até que percebi que não tenho porque esconder nada de ninguém. Se tem gente que acha a minha vida mais interessante que as delas, problema delas, não preciso sair oferecendo gatos de presente.
Acho que esse é um dos posts mais bobos que eu já escrevi, eu nem sei sobre o que eu estou escrevendo, é tipo o que eu penso quando falo sozinho, legal colocar isso de forma escrita. Um dia desses eu estava pensando que uma pessoa que fala muito sozinha se acostuma mal, torna-se compreensiva demais, concorda com tudo ou discorda mas depois acaba cedendo e dizendo que ela tem razão, tipo dizer que tá tudo errado e cinco minutos depois ela se convence e diz prá ela mesma "Não é que pensando bem você tem razão? Mesmo porque você sou eu!". Eu posso discordar de mim se eu quiser, mas se eu digo que alguém está errado é porque eu tenho uma opinião para sustentar de que eu estou certo, ou que alguém está, portanto se eu discordo de mim e não tem outra pessoa na rodinha de conversa além de mim e mim mesmo então eu vou acabar concordando comigo. É, eu acho que eu tenho razão nisso.
segunda-feira, 14 de julho de 2008
Peace
It was my mistake, the only thing I know for sure (in this case, 'cause I'm sure of many other things in my life, universe and everything).
Most of times i'm weak, and even if I'm wrong, knowing that I'm wrong, I fail beacause I'm stupid enough to cross the line and do the thing that I know It's wrong from the start.
So what can I do now? Maybe doesn't anything awesome and fun to do. I know that I must regret, because the one who don't regret his mistakes is fool. Yeah, regret isn't cool, but necessary. That's the part that I know, because this flag is on my territory. It's dificult but it's the part that I know I can do, the problem is on the boundary, and I don't want to cause a war. The white flag is a good option here, but I don't know how long my arm can take this flag up and moving until we don't have the talk.
terça-feira, 24 de junho de 2008
Ao mar e ao vento
sexta-feira, 20 de junho de 2008
Nota
domingo, 1 de junho de 2008
Taí uma coisa que eu nunca tinha parado para pensar
Essa dúvida sempre pairou sobre a humanidade, não importa a raça ou a crença, a questão do que é certo esteve lado a lado com a nossa história.
Acabei de pensar em uma coisa e corri para escrever aqui. Creio que não vá resolver tudo, mas ajuda muito. Multiplique tudo por mil.
Você tem a dúvida se é legal ou não o que está fazendo? Pense como seria se mil pessoas estivessem fazendo o mesmo no mesmo local. Se parecer insuportavelmente caótico então não é legal. Da mesma forma, se mil pessoas estivessem fazendo o mesmo que você e a harmonia e a paz perdurassem, pode ter certeza que é uma coisa muito legal de se fazer.
É um pensamento muito simples, vamos pegar o exemplo da música. Se você canta bem, mil pessoas cantando bem é uma coisa muito legal, mas se canta mal, imagine um coral de mil vozes desafinadas, ouvidos sangrando, não é muito agradável, né? Não estou tão desperto a essa hora, mas acredito que essa "matemática" serve, para ser aplicada em quase tudo, para sabermos se somos ou não pessoas agradáveis. Uma vez identificado o problema (e aceito) é mais fácil de se corrigir e melhorar.
Agradecimentos à Flavia, pois essa idéia surgiu quando eu estava conversando com ela.
sexta-feira, 30 de maio de 2008
Fases
Eu vivo em pequenos ciclos da arte, certos dias eu me dedico mais ao desenho, outros à música, e, quando escrevo aqui à literatura. Vale a ressalva de que eu me ausento de um dos três quando a bateria da criatividade de esgota, passando à outra arte para já esteja com mais idéias/inspirações.
Dessa vez não é o caso, tenho um novo conto quase inteiro na minha cabeça só faltando ser digitado e postado aqui, mas infelizmente o dia só tem 24 horas e eu gosto de dormir por 8.
No momento eu ando muito voltado para os meus desenhos, que andam cada vez mais detalhados e demorados para fazer, bom aproveitar essa verve para os desenhos, pois preciso de muitos desenhos novos para o meu portifólio, aproveito aqui para agradecer todas as pessoas que me deixaram retratá-las nessa série de ilustrações que ando fazendo ultimamente. É um dos meus sonhos, fazer meus desenhos só para fazerem as pessoas mais felizes. Deus não me deu esse dom só para ganhar dinheiro, faço isso por necessidade, e para compensar eu faço, sempre que possível, desenhos para dar de presente e chegar mais perto do meu almejado sonho.
terça-feira, 20 de maio de 2008
Mila
Mila
Originally uploaded by Fernando Shoiti
Esse desenho eu fiz para a minha amiga e irmã em Cristo, com base em duas fotos, uma dela e outra que ela fez desse pôr-do-sol. Acho que foi um dos meus melhores desenhos até hoje, e por conseqüência, um dos mais demorados também. Adoro essas cores do pôr-do-sol, o dourado em choque com o azul cinzento e frio do fim da tarde contrastado com o recorte do cenário contra-luz dá uma dramaticidade bacana.
Visitando o passado - Parte 3 (Final)
Não consigo me mover, é como se eu tivesse encarado a Medusa das histórias mitológicas, sinto meus músculos se retesando, sinto medo, puro, simples, gelando a espinha, me fazendo suar a frio. Meu lado racional tenta me resgatar em vão como se eu estivesse caído em areia movediça e cada tentativa de sair só faz com que eu me afunde cada vez mais. Sinto dificuldade em respirar.
- Vai ficar parado aí por quanto tempo? - Disse Pedro num tom sarcástico. - Até parece que você viu um fantasma, he he...
Talvez seja esse sorriso bobo, trazendo lembranças da minha infância, quando meu irmão me provocava antes de correr para perto da nossa mãe para se proteger, talvez seja isso que me deu forçar para me levantar, não me preocupo com a sujeira em minhas roupas, nem mesmo consigo me lembrar da última vez que eu não me importei com isso. Tudo o que me interessa agora é saber como, porquê, quando e onde.
- E-eu t-te vi morrer... - é tudo o que consigo dizer num tom de voz agudo, o som da minha própria voz arranhando as minhas cordas vocais com aspereza.
- Eu pareço um fantasma? Nunca soube de fantasmas precisarem de cadeiras de rodas, se existir uma coisa dessas então a morte é realmente uma merda. - Ele fala com uma calma que, ironicamente, seja a ser inquietante para mim. Coçando a barba rala, com indícios de fios brancos. a vida dura fez que com ele se pareça mais velho do que eu.
- Não. Não parece. Mas também não entendo o que está acontecendo.
- 'Seguinte... aquela doença não era fatal, você, eu, éramos muito novos para lembrar dessa história, mas fomos separados nessa época. Você foi com o pai para a cidade, tentar uma vida melhor, mas eu não podia, eu era um fardo muito pesado a ser carregado, por isso eu fiquei aqui, aos cuidados de nossa mãe. - A paz na voz de Pedro parece estar por um fio, parece estacionado naquele momento infinito antes do soluço que antecede o derramar de uma lágrima.
- Mas a mãe está na cidade, ela foi para lá um tempo depois morar com a gente. Não faz sentido isso que você está me dizendo. - Já se imaginou um daqueles episódios de Além da Imaginação? Como se Rod Serling em pessoa estivesse te apresentando para um monte de gente desconhecida olhando para a tela da tv de boca aberta e babando em cima da tigela de pipoca? Bem, é mais ou menos como eu me sinto agora. Eu sei que o homem que vejo em minha frente é meu irmão, que eu pensava que há muito tempo havia falecido de uma severa enfermidade, mas as coisas que ele me diz não fazem sentido, nada disso faz sentido. Me pergunto agora onde meu pai está, ele me trouxe aqui e sumiu.
- Tá pensando que eu fiquei leso das idéias, né? Acho razoável você pensar assim. E o pai? Ele não quis ficar aqui, ele não aguenta ouvir tudo o que tenho que falar, por isso foi embora com o carro enquanto você chorava e você nem percebeu, seu bestalhão. - Bestalhão, faz tempo que não ouvia essa palavra, essa é o tipo de palavra que parece ter marca registrada e não pode ser usada por outra pessoa. Perdido pensando nisso, resolvo checar se realmente meu pai teria coragem de me largar aqui neste lugar, e, realmente, o carro não está mais lá. Dou uma breve corrida deselegante rumo à estrada buscando ver a poeira se levantando no horizonte, mas nem sinal do meu pai. Volto a minha atenção a Pedro novamente.
- Eu te disse que ele se foi, não como você vê-lo daqui, não no lugar que ele está. - Ele ri, quase orgulhoso do que diz, parece-se muito comigo ao apresentar o projeto orçamentário à junta de diretores sem que ninguém tenha como contestar nada do que eu digo.
- Para onde ele foi? Como ele pôde me largar aqui? Como é que eu volto? - Penso em pergutas infinitas e inúteis mas nada disso parece fazer com que a expressão dele mude. - Tá, depois eu me preocupo com isso. - Ele acena em aprovação, como se estivesse perguntando se podia continuar a contar a história ou se eu ainda ia ficar resmungando por mais alguma coisa.
- Então... (risos abafados por uma tosse fraca) continuando... A nossa mãe nunca saiu daqui, ela foi enterrada à menos de um quilômetro daqui há alguns anos, sofria muito de artrite, sabe? - Eu tento contestar, mas o ar dos meus pulmões é roubado e solto um grunhido quase imperceptível. - Acontece, meu irmão, que o nosso pai, se deslumbrou com a cidade grande, e um homem forte como ele, não demorou muito para encontrar uma princesa da cidade. É essa princesa da cidade que você chama de mãe agora.
- O quê? Mas como você ousa? Não tem o direito de falar assim da nossa mãe! - Cerro meus punhos que tenho a sensação de cortar com as unhas as palmas das minhas mãos.
- Calma lá. Você não está entendendo a gravidade da situação. Eu vou explicar como se você fosse uma criança de 6 anos. Você não só esqueceu de mim com o tempo, mas também esqueceu de nossa mãe. Você e o pai. Nos abandonaram aqui. O pai sempre mandou um pouco de dinheiro através de cartas para os meus remédios e para a nossa comida e roupas, mas numa dessas cartas ele contou sobre a princesa da cidade, foi em menos de um ano da partida de vocês. Eu era muito novo, ainda doente demais, delirava às vezes em sonhos entorpecidos, mas lembro-me bem desse dia, lembro de ouvir o coração da mãe se rasgar como se rasgou o véu do templo quando Jesus morreu na cruz, meu rapaz, não uma coisa agradável de se ver, até hoje eu tenho pesadelos desse dia. - Me sinto como se tudo desmoronasse à minha volta, como se eu fosse um louco tocando lira no meio de Roma envolta em chamas. Eu não tenho como dizer que ele está mentindo, é como se essa verdade fosse como a tubulação de esgoto da minha casa, eu nunca a vejo, mas sei que ela esta lá, no subsolo, carregado toda a sujeira para longe.
Meu Deus. Como pudemos fazer isso? Como eu pude esquecer do meu irmão e da minha mãe? Como meu pai pôde fazer o que fez e nunca me contar?
- Ele te contou, de certa forma. Por isso ele o trouxe aqui, antes de partir para a eternidade.
- Eternidade? Partir?
- Sim, olha parece confuso mas é bem simples meu irmão. O pai queria te contar em vida, oh sim, mas nunca teve coragem aquele velho de coração fraco. Você mesmo pode se lembrar das várias vezes que ele tocou nos seus ombros para lhe falar algo mas desistiu, das muitas vezes que ele parou perto da porta do seu quarto sem falar nada e em seguida saiu sem dizer uma palavra. Ele tentou. Talvez um dos maiores males da humanidade seja tentar, é fácil dizer que tentou. Parece dar uma sensação de alívio, como se limpasse a consciência, mas nunca se engane com isso, a culpa cresce como o pior câncer e te corrói por dentro, rouba a sua humanidade a sua paz. Mas um dia... um dia... chega a hora de pagar pelo que se deve.
- Mas o pai morreu depois de me deixar aqui? O que é o aqui? Para onde ele foi?
- Muitas perguntas, (risos) olha, quando dizem que o brasileiro deixa tudo para a última hora... o pai levou realmente ao pé da letra. Ele estava ao seu lado pelos últimos meses, no mesmo hospital. Vocês estavam juntos no carro quando passaram pelo sinal vermelho e não viram que estava vindo caminhão em alta velocidade, o pai estava dirigindo e levou a maior parte do impacto, você sempre foi um sortudo filho da mãe mesmo.
- Acidente? Hospital? - Tudo parece rodar à minha volta, me sinto pequeno, desprotegido, odeio ficar numa situação à qual desconheço tudo, e quem não odeia?
- Você está num leito de UTI neste exato momento, está em coma há uns 7 meses. O pai, infelizmente, chegou a hora dele, aguentou o que pôde, e, no fim, inexplicavelmente conseguiu entrar em contato com você e te trouxe aqui. Para que você soubesse a verdade. Mas chega de falar, sua carona está vindo. Está na hora de você partir.
- Eu... eu vou morrer também? Não quero morrer. Posso ficar aqui?
- Não tente barganhar comigo, eu nem mesmo existo, você me criou, você está falando através de mim. Agora vai que tem gente te esperando...
É como se imagem de Pedro se afastasse, é como se a casa se afastasse também, tudo começa a ficar claro, uma luz vermelha escura, como um farol de milha se encontrando com as pálpebras quando os olhos estão fechados. Sinto meu peso, estou deitado?
Tenho a sensação de estar usando o meu corpo pela primeira vez, como se não soubesse como me mover, desconfortável como se estivesse usando um sapato novo presenteado pela tia que nunca sabe que número eu calço. Ouço um som característico de hospital, que indica que meu coração está funcionando. E, então ouço vozes, meio abafadas e ao mesmo tempo ensurdecedoras. Minha visão começa a se adaptar à luz ambiente com dificuldade em meus olhos inundados em lágrimas devido ao incômodo. Vejo minhas filhas e minha esposa.
Hoje eu estou quase recuperado, de um acidente aparentemente fatal, na medida do possível, ainda manco muito e preciso de uma bengala para me locomover. Ganhei uma nova de minha esposa no último natal. Depois de um pouco de ajuda de um investigador eu constatei que toda história conturbada da minha família é real. Soube que Pedro também faleceu há alguns anos, sem ninguém para cuidar dele não demorou muito. Mas foi bom encontrá-lo uma última vez, mesmo que tenha sido criação de meu sonho quando estava em coma. Eu mudei muito depois disso, passei a valorizar mais o tempo com a família, comecei a freqüentar a igreja do meu bairro aos domingos, fiz as pazes com Deus, dedico um pouco do meu tempo à obras de caridade que sempre podem contar com as minhas boas e gordas doações. Sei que nada disso vai apagar a culpa de ter esquecido as minhas raízes e a minha família, mas talvez ainda dê tempo de me redimir. Só uma coisa me incomoda. Às vezes posso jurar que ouço o som de metal arranhando, como se precisasse de lubrificação, ouço o som de pedras na terra ao se encontrarem com rodas.
sexta-feira, 9 de maio de 2008
Visitando o passado - Parte 2
Enfim, piso com os meus sapatos italianos na terra que, nos anos idos foram meu domínio, meu território, meu reino. A terra vermelha perdeu muito do seu encanto com todo o mato que cresceu durante o tempo de abandono da casa. Mas é só mato. Incrível como eu pensava que sempre encontraria lixo humano onde quer que eu fosse, uma garrafa pet, um papel de bala, ou um resto de uma panfletagem mal-sucedida, mas não, é só mato e terra. Um cobertor verde sobre as memórias da minha infância há muito esquecida como aquele pano empoeirado sobre o velho carro encontrado na garagem do tio-avô que, se retirado revela a descoberta de um clássico modelo de Cadillac muito bem conservado.
Perdido em meus pensamentos eu quase caio ao tropeçar em um pequeno buraco. A memória me atropela como um vagalhão de emoções, lembro-me deste buraco que escavei com as minhas pequenas mãos, era onde eu ia brincar com as minhas bolas de gude, ia brincar com... Meu Deus... eu fiz esse buraco para brincar com meu irmão! Eu tinha um irmão! Como pude esquecer de uma coisa dessas? Faz tanto tempo. Ninguém nunca mais ouviu falar dele. Ele era um ano mais novo que eu quando faleceu de alguma doença que não consigo me lembrar, ele tossia muito, sentia dores, depois começou a tossir sangue, lágrimas, minha mãe chorando, meu pai tentando ser forte, tentando ser o alicerce da família...
Meus joelhos cedem, como se não houvesse mais força nas minhas pernas, eu caio mas ignoro a dor, duas pequenas poças começam a se formar na terra logo abaixo do meu rosto, como eu pude ter esquecido que eu tive um irmão? Porque deixaram a memória dele morrer? Quando uma pessoa morre, ela morre em físico, mas temos o direito de assassinar essa pessoa em memória se a sua presença nos machuca? Ela não tem esse direito ao menos? De continuar existindo em nossas lembranças, podendo habitar nossos sonhos? Quantas vezes eu me senti como se não tivesse com quem conversar? Quantas vezes queria dividir um momento e me sentia vazio?
- Ahhhhh... como nós pudemos esquecer de você?!! - Eu caio em prantos e sinto o gosto da terra a salpicar em meus lábios quando me encolho junto ao chão.
- Quer parar com o show, homem da cidade grande?
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Posso sentir o tempo parar, e o vento que assoviava se calar. Ouço o som de metal arranhando, como se precisasse de lubrificação, ouço o som de pedras na terra ao se encontrarem com rodas. Eu tenho medo de olhar, mas não resisto. Aquele homem debilitado, com a barba por fazer, preso à sua cadeira de rodas, é Pedro. É meu irmão.
Continua...
terça-feira, 6 de maio de 2008
Visitando o passado
- Devagar - dise ele com uma calma que poria fim à uma guerra. - Você pode começar a abrir os seus olhos agora com muito cuidado, pois aqui está muito iluminado e quero muito que a sua visão esteja em boas condições, pois você vai precisar, e querer muito enxergar direito neste lugar. - Ele me dá aquele leve tapinha de "bom garoto" no ombro, o sol está realmente muito forte, já é quase meio-dia, mas mesmo que não fosse geralmente aqui é sempre assim, as cores são mais vivas, mesmo à noite as estrelas brilham como bilhões de holofotes de estádio, como eu sei disso eu não consigo explicar. - Venha - continuou meu pai a dizer com sua quietude habitual - ...eu quero te mostrar porque te trouxe aqui. Vê esta casinha? Foi onde você nasceu e onde viveu seus primeiros anos. As paredes parecem feias e velhas, mas por isso mesmo que você sempre pôde desenhar nelas, nunca nos preocupamos com isso, as paredes continuariam a nos proteger do frio da noite e do calor do dia, manteria o pó do lado de fora nas ventanias, o que importou sempre foi a sua felicidade e em como sempre a expressou com uma beleza única. - Seus olhos estavam inundados em lágrimas, os meus em breve também estariam se continuasse a olhar para eles.
Eu me lembro vagamente desta casa, já morei em muitas, mas esta me traz à mente algo especial, como momentos congelados no tempo, quando o relógio era apenas uma lenda, quando o suor e a pele suja não eram motivo de vergonha, quando o simples ato de cavar um buraco e fazer um monte de terra era a coisa mais divertida do universo e nada superaria aquele momento, meu Deus, porquê eu não me lembrava desses momentos?
Este lugar é maravilhoso, sinto o cheiro das árvores e da terra, sinto o sol irradiar um calor que parece renovar as minhas forças e quando passo pela sombra das árvores sinto um sopro gelado interminente que faz evaporar algumas gotas de suor. Enfim chego aos muros da casa, feitos de várias tábuas de diferentes árvores, partes de diferentes caixas, diferentes histórias. Reconheço uma das tábuas como parte de uma caixa de tomates, por um tempo foi um dos meus brinquedos, já foi o mais veloz carro de corrida, meu escudo nas batalhas que travei para salvar a minha princesa que estava presa em uma torre, foi o molde para os tijolos de barro com os quais eu pretendia construir uma grande muralha, que ruiu na chuva de verão daquela tarde. Um dia a caixa não aguentou e chegou ao fim de sua existência como caixa, já havia remendos demais, não havia mais onde assentar os pregos para mantê-la, foi para o cemitério das caixas, mesmo depois de partir ainda encontrou um serviço digno, de evitar que os animais silvestres adentrassem o meu quintal.
Continua...
sábado, 3 de maio de 2008
"Melhor este ou este?"
- Casa, cachorro, pássaro e.... eu acho que é um carro... não. É uma televisão, sim é uma televisão! Doutora eu vou precisar usar óculos?
Ainda tem o caso da pessoa que precisa usar óculos mas não quer, para isso basta ter uma memória boa e decorar todo o quadro na hora que chegar no consultório, no filme Cowboys do Espaço o personagem do Donald Sutherland (o pai do Jack Bauer) consegue se livrar do exame dessa forma.
Silvia e Ana Cecília
Silvia e Ana Cecília
Originally uploaded by Fernando Shoiti
Este desenho foi feito especialmente para o meu grande amigo Ruy, que é como se fosse o irmão que eu nunca tive (não estou desmerecendo a minha irmã, hehe), neste desenho estão a esposa e a filha do Ruy, eu mandei fazer um quadro para dar de presente para ele. Adorei fazer essa arte, só mais uma prova de que os meus melhores trabalhos são os que eu não faço por dinheiro e sim, por amor.
Se quiser ver o desenho maior é clicar nele! hehehequinta-feira, 1 de maio de 2008
Minhas respostas para coisas que ninguém perguntou
Porque certas músicas lembram aluguém
Porque a infância é nossa imagem de céu
Porque no final não sobra ninguém
Porque as rosas mais bonitas não são as rosas
Porque uma palavra te faz viajar
Porque as lágrimas são sempre salgadas
Porque o mar me faz vomitar
Porque o perdão que importa é sempre difícil
Porque a razão se perde ao gritar
Porque as vozes se calam em sacrifício
Porque não ouvimos a experiência falar
Porque as risadas mais longas causam dor
Porque rimos do que um dia no fez chorar
Porque vencemos e tiramos sarro dos derrotados
Porque nos arrependemos e insistimos em errar
Fita K-7
Esse treco está ligado?Fim da transcrição
Bom estou aqui, dentro da minha cabeça, usando este gravador imaginário, parece escuro aqui dentro, frio, não todo o tempo, há momentos em que eu sei que nem mesmo existem sombras, tudo é luz e calor com brisas geladas nas horas certas.
Eu tenho que dizer prá você que nem sempre foi assim, agora tudo é confuso, é como se tudo fosse tão surreal quanto um sonho dentro de um sonho em que sabemos que estamos sonhando e mesmo assim acreditamos em tudo. Tem uma parte de mim que eu julgava ter morrido e você tornou real. Nada disso fazia parte dos meus planos, a sua ausência é sentida mesmo e tudo o que eu posso fazer é distância, mesmo não .
Se você ainda encontra as migalhas de pão, saiba que eu não estou mais deixando rastros, eu não quero ser encontrado, não assim. Eu estou em um lugar que você não pode alcançar e só lhe traria sofrimento, mas eu posso te ver, só quando quero. Mas por diversas vezes olhei em sua direção e não te vi, era como o sol tentar enxergar sua própria sombra. Você me entende que eu não tenho a liberalidade para simplesmente e quando tenho vontade mas sei que não foi para isso que ?
Talvez eu tenha chegado no momento errado de minha vida, outra época, outro lugar, sempre penso que poderia ter existido nós.
Você pode interpretar tudo isso de forma errônea, não digo que você não , e sim que as possibilidades nunca morrem enquanto existe uma centelha de esperança. Batalhas que só buscam a morte podem levar décadas, por que não a perseverança em ?
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Uma parte de mim não quer dizer nada e ao mesmo tempo quer gritar tudo para que os quatro cantos do mundo ouça, mas não o faço, sei que não devo, que quero mas não posso. É tudo uma questão de dizer que eu se fosse tudo diferente.
Vivemos momentos perfeitos e viveríamos outros num futuro dentro de outras mesmo isto eu não descarto tenha em mente que eu nunca vou eu também .
Agora eu preciso desligar.
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sábado, 26 de abril de 2008
Sonho ou pesadelo?
Sonhei que estava em uma escolinha infantil, não sei dizer ao certo se era pré-primário ou algo assim, mas poderia ser. Era uma escola da Turma da Mônica, mas não lembro de nenhuma menção ao resto da turma, somente à personagem título. Eu comecei a notar que todas as professoras tinham dentes proeminentes, mas, até então, isso não tem nada de anormal, algumas pessoas são dentuças mesmo e pronto. Só que então comecei a notar que algumas professoras eram realmente dentuças demais e mal conseguiam fechar suas bocas.
Então aconteceu de uma das professoras ser promovida (para coordenadora talvez ou seja lá que promoções existam), e então eu descobri o segredo dos dentes grandes... Com a promoção ela devia aumentar a prótese dentária, era uma das condições, inclusive, para começar a trabalhar lá. Todas a professoras eram dentuças porque foram obrigadas a fazer implantes de dentes maiores que o normal, e as que tinham os maiores dentes eram as de cargo mais alto.
Às vezes meus sonhos me assustam.
sábado, 19 de abril de 2008
Só depois do fim
Tenho um lampejo de lucidez, estou sendo levado em uma maca, todos me olham como se fosse a última vez, todos desejando dar o último adeus e ao mesmo tempo desejando que nada disse seja verdadeiro. Vejo lágrimas, olhos vermelhos, pessoas tentando se passarem por fortes nesta hora, tentando serem fortes pelas outras que não conseguem, entrando em ruínas por dentro da fachada de frieza. Vejo borrões, as luzes, as sombras, as sombras.
Estou com 15 anos novamente, estou perto de uma árvore, estou perto do primeiro beijo, tardio para os tempos modernos, mas inesquecível em todas as gerações. Não sei até hoje se a amava, talvez na época não soubesse nem ao menos o que é o verdadeiro amor. Tudo o que parecia grandioso na juventude se tornava insignificantes na vida adulta, problemas maiores, contas maiores precisavam de salários maiores e a vida nunca se tornaria mais simples.
Me resta tão pouco tempo agora, posso ver os últimos grãos de areia a brigar pela vez de passar para o lado de baixo da ampulheta. É curioso e desesperador ver como no final tudo acaba tão rápido. Nossa vida se forma como um grande arranha-céu, com a diferença que nem sempre é planejada, mas em todos os casos nos formamos do alicerce do ambiente familiar, dos amigos, as bases que sempre nos sustentam. A cada ano um novo andar a ser construído, a cada andar uma surpresa, algo a aprender como superar, talvez o amor seja o elevador com seus altos e baixos e lá pelo quadragésimo andar todos os andares começam a se parecer apenas como mais um andar, nada de especial, um após o outro. Por vezes deixamos de usar o elevador para olharmos para as nossas bases e nos esquecemos do seu real valor, nem nos lembramos o que somos por ignorarmos de onde viemos. Mas no final tudo desaba em segundos e o que importa não é em que andar chegamos, mas como fomos felizes em cada um desses andares.
Queria poder dizer tudo o que penso aos meus filhos e netos, queria mais tempo, mais do que tive. Ironicamente, neste tempo extra eu diria muito sobre como não perder tempo. Tive uma vida feliz, disso não tenho do que reclamar, mas por muitos anos eu vaguei como um cego no deserto. Das coisas que desperdiçamos talvez a pior coisa seja o tempo. Vi que podemos nos empolgar com filmes de ação mas no final tudo o que importou foi o drama, tudo o que motivou foi o amor, que correr atrás de quem se ama nunca é desperdício de tempo e que o final da história nunca é o pôr-do-sol seguido dos créditos e da música-tema. Vi que existe uma beleza única escondida em cada folha que consegue vencer o asfalto.
segunda-feira, 14 de abril de 2008
Acesso
Não é a minha vontade, mas um dia este quarto pode ser esquecido, os intervalos entre as minhas visitas têm sido cada vez mais longos, como uma pedra arremessada na água, as ondas vão desaparecendo à medida que se afastam do ponto de colisão, talvez seja erguido um muro de tijolos sobre sua porta e, se assim for, só o descobriria novamente se meu mundo desabasse.
Entenda que eu não quis trancar a caixa de fotos aqui, não vou ser hipócrita e dizer que ela não cabia nos cômodos que eu sempre visito, pois sempre há espaço, mas precisava deixá-la em algum lugar, longe da minha visão. Acredito que sempre podemos nos desfazer das coisas que lembram, mas a lembrança em si sempre vai continuar escondida em algum canto.
quinta-feira, 10 de abril de 2008
Trecho sem importância de um livro que não vai existir
Lembro de uma vez, na época que eu ainda era apenas um garoto que mal havia retirado as rodinhas laterais da bicicleta, perdido em pensamentos sobre o que era a minha então concepção de mundo, nada muito errado, nada muito certo residindo na minha mente e ainda assim é hoje. Não posso afirmar nem mesmo as certezas, meu raciocínio se limita às minhas experiências e meus sentimentos vivem a me pregar peças.
Talvez vivamos sempre de fugas, sempre desejando estar em outro lugar, com outra pessoa, com outro salário, almoçando ou jantando outra coisa e quem consegue sossegar é em sua maioria quem não tem mais energia para mais uma braçada nadando rio acima, acho que estou sendo pessimista agora, não é mesmo? Engraçado como percebemos que de fato não há muro, não estamos do lado de lá nem no de cá, e, ele inexistindo, é impossível ficar em cima também. Tiramos sarro dos cachorros quando correm atrás do próprio rabo, mas não vemos que fazemos a mesma coisa numa escala muito maior, corremos atrás de destinos desconhecidos, indo na onda do vamos ver no que vai dar. Mas ainda acho que no final chegamos em algum lugar, mesmo as viagens sem destino terminam em algum lugar, não é mesmo? É sé você se lembr da l i v z
quarta-feira, 9 de abril de 2008
A New Hope
terça-feira, 8 de abril de 2008
- Claro que não é tarde, ainda dá tempo de mudar, de consertar tudo o que você reconhece que está errando.
- Não, não dá mais tempo, só posso olhar para trás com pesar...
- Mas é claro que dá tempo. Meu Deus... você só tem dez anos, menina!
quinta-feira, 3 de abril de 2008
Seja lá...
imagem etérea e perdida que ecoa a ilusão
faz de mim o oleiro deste vaso a se quebrar
trazendo do espelho momentos de satisfação
fogo fátuo em lampejos do mundo do sonhar
me traem as vozes que me impedem de contar
o que em letras persistem em escapar
de teu confinamento as palavras que devo circundar
imagens somem como vapor ao vento
se ao longo da estrada não alimento o pensamento.
domingo, 30 de março de 2008
Até a última gota
Vejo o choque das gotas da chuva que se arremessam contra o vidro da janela do meu quarto, como abruptamente elas perdem suas formas e se espalham em gotículas e, então se mesclando a pedaços de gotas diferentes, se refazendo, atingindo o peso suficiente para que a força da gravidade as atraia e faça com que deslizem pelo vidro e voltem para o solo, reiniciando o ciclo.
Talvez aconteça o mesmo com as pessoas, elas são arremessadas umas contra as outras em cursos, em trabalhos, salas de bate-papo, em elevadores, ligações por engano, em festas de aniversário, funerais ou seja lá mais onde as pessoas se conheçam. Na hora do choque nem sempre conseguimos passar tudo o que somos, é a velha história da primeira impressão, boa ou ruim, do amor à primeira vista e da desilusão à segunda, - acredito até mesmo que ninguém passa exatamente tudo o que é nem em anos de convivência e que sempre temos surpresas ao dobrar a esquina -. Acontece que nesses choques as pessoas podem se juntar à outras por afinidade, por exemplo, ao ouvir uma conversa entre outras pessoas você pode descobrir que estas gostam dos mesmos livros que você, e, depois de uma conversa breve você pode até mesmo se tornar amigo delas, posteriormente descobrindo que na verdade eram traficantes de órgãos. É um risco a se correr, nunca acertamos sempre em nada, nem mesmo na escolha de amigos. Mas os que sobrevivem à prova do tempo, ah, esses sim fazem valer à pena todas as barcas furadas em que naufragamos ao longo do rio da vida. E, se tudo dá errado é só fazermos como a água da chuva, nos arremessamos de novo e reiniciamos o ciclo.
sábado, 22 de março de 2008
Jornada nas Mercedes
No ponto em que eu pego a condução para ir para o trabalho, passam os ônibus que vão para o Itaim, para o Sesc e, o que eu pego, para Mogi. Seguindo a lei de Murphy de que sempre a fila ao lado anda mais rápido, parece que sempre tem mais ônibus para os outros destinos do que o meu. Às vezes chega ao cúmulo de passarem dois ônibus para o Itaim antes de passar um para Mogi.
De tanto esperar o meu ônibus para ir para o trabalho eu fico feliz em vê-lo até mesmo quando eu não preciso dele, hoje eu estava de carro, e passei ao lado do ponto e lá vinha a condução que eu tanto espero durante a semana, senti alegria ao vê-lo e só depois me veio à mente que além de estar de carro eu não estava indo para o trabalho, então não havia significado algum essa exaltação em vê-lo.
Adoro ler nas viagens ao trabalho, mas confesso que por vezes passo mal. Depende muito da habilidade do motorista e de quanto está aprumado meu labirinto. Quando não tenho nada para ler ouço algum podcast no mp3 player ou mesmo alguma música que eu nunca tenha reparado muito na letra, ou que queira aprender a cantar ou tocar. Gosto de me sentar na janela e ver o cenário passando em alta velocidade, ver as pessoas, o comércio, às vezes dá até para flagrar alguma coisa engraçada para alegrar o dia ao contar aos amigos. Nem sempre tem lugar na janela, na ida é praticamente garantido o meu lugar, mas na volta é mais difícil, foi numa dessas vezes que eu me sentei no lado do corredor que eu reparei que os protetores dos parafusos no teto dos ônibus são idênticos às balas Mentos, tanto na forma e tamanho quanto na cor, branca, não estou falando de Mentos sabor morango ou algo assim.
Falando na volta, existe ainda um outro processo, não basta a alegria de ver o ônibus chegando ao ponto, também tenho que verificar se existe algum lugar para eu me espremer dentro, não tenho aversão ao contato humano, mas às vezes, por problemas de física, a porta se fecha comigo do lado de fora. Pelo menos agora que eu estou usando lentes de contato no grau certo eu consigo enxergar que ônibus está vindo.
terça-feira, 11 de março de 2008
Eu vou chegar lá (onde?)
Muitos sofrem pela falta de um sentido, da ausência de ansiar por algo, navegando sem o norte, sonhos vazios e buscando somente escapar da realidade, ignorar o futuro se ausentando do presente. Talvez seja falta de dar atenção aos sonhos para visualizar o destino e de perceber os sinais que Deus dá pra indicar o caminho...
sexta-feira, 7 de março de 2008
sábado, 23 de fevereiro de 2008
Notei um prédio
um prédio
um prédio
um prédio
um prédio
um prédio
um prédio
um prédio
um prédio
im olhar prá mim olhar prá mim olhar prá mim
olhar prá mim olhar prá mim olhar prá mim olhar prá mim
im olhar prá mim olhar prá mim olhar prá mim olhar prá mim
olhar prá mim olhar prá mim olhar prá mim olhar prá mim
im olhar prá mim olhar prá mim olhar prá mim olhar prá mim
olhar prá mim olhar prá mim olhar prá mim olhar prá mim
im olhar prá mim olhar prá mim olhar prá mim olhar prá mim
olhar prá mim olhar prá mim olhar prá mim olhar prá mim
im olhar prá mim olhar prá mim olhar prá mim olhar prá mim
aaaaatttttttrrrrrrraaaaaavvvvvvvééééééés
da frestra
do teto solar
de um ônibus ônibus ônibus ônibus ônibus ônibus
de um ônibus ônibus ônibus ônibus ônibus ônibus
de um ônibus ônibus ônibus ônibus ônibus ônibus
de um ônibus ônibus ônibus ônibus ônibus ônibus
de um ônibus ônibus ônibus ônibus ônibus ônibus
de um ônibus ônibus ônibus ônibus ônibus ônibus
de um ônibus ônibus ônibus ônibus ônibus ônibus
de um ônibus ônibus ônibus ônibus ônibus ônibus
de um ônibus ônibus ônibus ônibus ônibus ônibus
de um ônibus ônibus ônibus ônibus ônibus ônibus
de um ônibus ônibus ônibus ônibus ônibus ônibus
de um ônibus ônibus ônibus ônibus ônibus ônibus
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008
Fragmento de um drama
um frag men to de um
fragmento de um
m o m e n t o.
Foi um momento em que eu explicava à alguém que eu amava
um trecho de uma história que eu achava muito bonita. E ela, para
minha surpresa
não achou nada bonito aquele
pedacinho da historia que eu me propunha a dividir com ela.
Aquelas palavras surgiram como que num baque surdo.
Seria ela tão insensível assim para não perceber
como era bonito aquele momento isolado da história?
A resposta demorou tanto quando a gestação (normal) de um bebê (humano),
estava pensando neste momento hoje, esperando pelo ônibus,
num sol escaldante que intercalava com as nuvens pesadas que derramaria uma enchente pela tarde.
A resposta é que ninguém pode ver
a beleza num
fragmento de um drama.
Simples assim.
Se é alguma cena engraçada, um trecho basta para rir. HaHaHaAHAHaHa
Se é uma cena de ação ou aventura, uma cena também
é o suficiente para empolgar. Ka-BOOOM
Mas um fragmento de um drama não desperta nada,
ninguém liga se não conhece o personagem,
suas motivações
e sua luta.
sábado, 16 de fevereiro de 2008
A espera
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008
Caminhos
Talvez seja mais fácil assim. Simplesmente resolver não escolher nada. Deixar as situações moldarem a vida, se adaptando ao ambiente, deixar-se escorrer pelo ralo e ver no que vai dar.
Nem sempre conseguimos tomar as rédeas da própria vida. Mas não acredito que o caminho mais fácil é o certo, penso que atalhos são, na maioria das vezes as maiores roubadas e nem mesmo que devemos nos conformar "porque a vida é assim mesmo".
sábado, 5 de janeiro de 2008
É só o que tenho pensado
Nem mesmo escravo das minhas vontades
Apenas sigo meu caminho desviando das pedras
Buscando nos sonhos as minhas prioridades
E se as correntes do vento me levam
Preciso sempre estar atento
Os sons dos trovões não me acordam
Se estiver perdido em pensamento
Por vezes aparecem luzes a brilhar
Um fogo fátuo, uma supernova
Mas nenhuma delas a perdurar
Só distrações a atrapalhar