terça-feira, 30 de outubro de 2007

O vôo - Parte 01

Eram quase cinco pessoas, passando por aquele local, todas pessoas iguais aos olhos de qualquer outra espécie, lamentavam ter entrado naquela sala, que parecia ser maior por dentro do que por fora.

Um fala Dois que gostaria de estar na praia, se pudesse ver o pôr-do-Sol eternamente, mas não conseguiria andar na mesma velocidade em que a Terra gira, e, pensando bem era uma idéia bem idiota, o legal do pôr-do-Sol é poder parar para apreciar a visão, se fosse perseguí-lo sempre não conseguiria parar para ver nada.

Três esquece por um momento quem é, chega a desconfiar ser o Cinco, mas descarta a idéia pois não poderia estar se vendo ao seu lado, imagina o que estaria fazendo a uma hora dessas se estivesse sozinho dentro de seu carro sem combustível num dia de chuva, talvez não fosse fazer nada, era bem provável.

Finalmente encontram uma porta e torcem para não ser a mesma pela qual entraram. Era a mesma.

Quatro não entendeu nada.

Cinco também não entendeu nada.

Dois não entende nem o que deveria entender.

Um pensa que seria bom entender alguma coisa.

Três vezes o mesmo carro passou pela rua nesta noite, pareciam procurar por alguém, carro com vidro filmado, carro suspeito. Talvez o carro não possa ser suspeito, o coitado nunca tem culpa de nada, suspeito pode ser o motorista, que pode ser só um motorista contratado com família para sustentar. Sobraria então o cara no banco de trás, esse sim podemos chamar de suspeito.

Ele tem em mãos um binóculo, mas se machucou quando o carro freou bruscamente, no dia seguinte seus olhos estavam com esquimoses, parecendo um boxeador ruim.

O que ele procurava era justamente a resposta que não sabia. Na verdade aquele lugar não lhe era estranho, era incompreensível. Por que as cores tinham sons e a luz tinha cheiro naquele lugar? Talvez as leis da realidade fossem irreais, talvez as leis da física possam ter sido revogadas numa festa aparentemente familiar numa casinha suburbana onde rolavam produtos cósmicos ilícitos. Talvez a certeza seja confusa.

Neste momento, o agora não foi o que será ontem, compreende o semáforo.

É chato ser um semáforo? Nunca perguntei para nenhum. Talvez eles recebam mais ofensas que juiz de futebol, só param para descansar os que ganham a regalia do amarelo piscante.

Nenhum comentário: