terça-feira, 30 de outubro de 2007

Tranqueiras à parte...

Porque juntamos tranqueiras? Qual é o sentido de se fazer isso? Tem gente que junta tanta tranqueira que a casa fica parecendo uma represa de castor de tanta porcaria junta. Talvez o que cause isso seja pensar na hora "posso precisar disso depois", aí é que está o mote, a frase de efeito, a conjuração, a palavra-chave do que causa esse acúmulo de cacarecos.

Existem outras situações em que essa frase pode ser usada. Um general do exército pode usar como desculpa para manter mais bombas nucleares nos silos de mísseis. "Posso precisar disso depois". Mas se analisarmos bem a situação ele não vai precisar disso depois coisa nenhuma, ninguém vai usar esses mísseis, não temos para onde fugir, seria como acender uma bombinha dentro de um pode de vidro e não sair de perto. Ninguém faria isso, portanto, juntar mísseis nucleares também é juntar tranqueira.

Existem também os que não guardam nada. Você sempre acha que a pessoa acabou de se mudar para o apartamento novo ou que foi assaltada por algum maluco que rouba quiquilharias. Essas pessoas não possuem nada por puro comodismo e geralmente têm salários mais altos do que os que juntam tranqueiras. Pode ser que essas pessoas nunca parem em casa e por isso não precisam de nada.

Ainda existem os que juntam tranqueira de forma itinerante, a mochila do cara tem tudo e mais um pouco (réu confesso), possivelmente a causa (pelos menos a minha) é de não se render à uma dificuldade porque não tinha uma ferramenta, ou não poder desenhar alguma coisa porque não tem a caneta certa, passar frio porque esqueceu a blusa em casa ou fome porque não tinha uma mísera barra de cereais estocada na mochila. Soma-se aí as pessoas que levam pequenas farmácias ou kit de primeiros-socorros básicos, geralmente hipocondríacos. Tudo depende da insegurança de cada um ao ficar longe de casa.

Existem também os malucos por gadgets, onde o limite é a situação financeira. Um maluco por gadgets sem problemas financeiros, pode andar com um celular, com um fone de ouvido bluetooth em um ouvido, um iPod com um fone no outro ouvido, relógio de pulso com mp3, no bolso pode ter uma câmera digital, no outro um GPS (não me pergunte prá quê), PSP para as horas de tédio, tênis com medidor de passos para ver como andou pouco, boné com ventilador (juro que já vi um cara usando isso), enfim... uma pessoa que poderia fazer inveja ao Robocop em termos de tecnologia, com a clara vantagem de poder ferir qualquer funcionário da OCP.

Em contraponto aos malucos por gadgets temos os que conseguem sair de casa sem documentos, sem celular, sem carteira, sem relógio (portanto sem preocupação com horários), só com o dinheiro da passagem e olhe lá. Alguns também levam a chave de casa, sem chaveiro, lógico. Queria poder conseguir fazer isso. Não me preocupar com horários, nem compromissos, não me preocupar em ligar prá ninguém longe de um telefone fixo, não esperar mensagens sms, não ficar checando a caixa de e-mails para ter certeza que ninguém escreveu nada, não ficar checando o Orkut para ter certeza que ninguém andou xeretando a minha vida ou se alguém me mandou algum recado para votar em sua foto, não ficar entrarndo no blog para ver se alguém resolveu comentar alguma coisa. Esse pensamento é utópico, eu sei, gostaria poder fazer isso, mas não sei se caso fosse possível eu o faria.

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